quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O mesmo bilhete




"Essa tua ausência tão prolongada, medida em noites medonhas de solidão, saudades sofridas.
O tempo sem ti passa implacável, vazio.
Paciência... Sei que sentes tanto quanto eu essa separação, é a prova de que nos amamos tanto ou mais do que nunca.
Espero que em breve, muito breve, possamos compensar esses dias vazios por outros cheios de amor.
Eu te amo."

domingo, 24 de julho de 2011

RUTE NO CAMPO



No quarto pequeno
onde o amor não pode nem gemer
admiro minhas lágrimas no espelho, sou humana,
quero o carinho que à ovelha mais fraca se dispensa.
Não parecem ser meus meus pensamentos.
Alguns versos restam inaproveitáveis,
belos como relíquias de ouro velho quebrado,
esquecidas no campo à sorte de quem as respigue.
A nudez apazigua porque o corpo é inocente,
só quer comer, casar, só pensa em núpcias,
comida quente na mesa comprida
pois sente fome, fome, muita fome.


(Adélia Prado)

sábado, 7 de maio de 2011

E depois tem a questão de ter paciência

Não se deixar levar, estar preparado e ao mesmo tempo certo

De que ainda é possível... E depois

Tem a questão de resolver, de não parecer que, e ao mesmo tempo de ter que...



E depois tem a questão do não-obstante, do prurido, da válvula

Tem a questão do conhecimento, do ementário

Sem falar na questão importantíssima do...

E depois tem a questão do é-preciso, do meu-caro, do pois-é

Dos canais competentes, dos compartimentos estanques, dos memorandos



E depois tem a questão talvez precária do encontro

E do desencontro, do entendido e do mal-entendido, do lucro

E do desdouro; e depois tem a questão

Da finura, da delicadeza e da firme delicadeza e das duas delicadezas.

VM

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Qual o seu sonho?

Alô, você que adora ver as histórias de superação dos outros. Curte um filminho que deixa um "algo mais”, gosta dessas cenas culturetes que te fazem questionar alguma coisa da sua própria realidade. Ouve uma música bonita e com uma letra que pessoalmente te diz algo. A partir daí faz o quê?  Pensa na tua vida ou na vida que queria? Muda algum conceito velho, arraigado no seu orgulho besta de quem sempre fez o que podia? 

Qual o seu sonho?

Aquele que na sua pequena visão está longe de acontecer. Que nem no olhar a longo prazo ele aparece. Que navega em outro oceano, na direção do seu, tudo bem. Mas ainda assim te parece distante e indefinido. 
O sonho que no dia que se realizar, vai te deixar melhor. O que te movimenta a se enxergar, mudar seus paradigmas, te faz repensar, reagir, refazer, reaver. 
Aquele que te faz levantar de manhã no dia que a única coisa que teria forças pra fazer seria chorar e dormir?  Ou não. Talvez você não chore, não durma. Disfarça melhor que o outro mais sensível. Distrai seus sonhos com coisas mais urgentes como os prazos, o relógio, a família. E procrastina a melhor da sua parte nesse quinhão.

Eu sou uma dessas. Eu procrastino os meus sonhos. Mas meu caso é diferente dos opostos em questão. Não grito nem choro o meu quinhão. Procuro não "apelar" e tento (todo dia e com esforço) ser de outra extirpe. Renovo minha decisão e vejo que sonho hoje o que eu não sonharia tempos atrás. Ou tempos vindouros. Se no meio do caminho, não tivesse um primeiro sonho. Me olhando confiando, segurando a minha mão. Me esperando atravessar a ponte até o outro lado do rio.

"Tudo muda AGORA, enquanto você está parado e tremendo no corredor, esperando para passar de um mundo para o outro." Barbara Kingsolver

segunda-feira, 21 de março de 2011

Eu vivo de quereres


Eu queria poder explicar com palavras, metáforas, analogias, ou até algum sistema gráfico. 
Eu queria saber mensurar o tempo que eu mereço para levar uma vida verdadeira e inocente. Respirando ar de Liberdade.
Eu queria ter chegado antes, ou depois. Menos na hora que cheguei. Na hora que te vi. 
Eu queria ter te visto antes. Te notado. Entendido que minha vida tinha tudo pra estar perto da sua vida. 
Eu queria que você tivesse aparecido algum tempo antes tão interessante pra mim quanto hoje é essencial. 
Eu queria poder te convencer que o nosso amor não é amor-comum. Porque não é composto apenas de amor. É um emaranhado de qualidades e predicados que só se manifestam quando um "aciona" o outro. Coisa de estrela, diamante, ou qualquer outro clichê babaca.
Eu queria listar os motivos que me levam a resistir à qualquer tormenta. As tormentas humanas e as desumanas. Que me fazem sorrir de esperta que no fim eu sei que sou. De saber exatamente quão bom e importante isso é pra que a minha vidinha aconteça. 
Não, não sou mimada. Não sou fresca. Não evito conflitos. 
Eu fui simples, queria coisa simples. 
Será que eu queria muita coisa? Talvez não fosse muito o que eu queria. 
É confuso, eu sei. Só pode ser. É cheio, repleto, fatalmente caótico. 
É que eu vivo de quereres. Eu sou toda querer de um só querer.

terça-feira, 8 de março de 2011



O Mundo Anda Tão Complicado
Legião Urbana
Composição: Renato Russo

 
Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.

Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
Que a mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som

Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa
é a chave que sempre esqueço

Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um pro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você

Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um bilhete

 
"Essa tua ausência tão prolongada, medida em noites medonhas de solidão, saudades sofridas.
O tempo sem ti passa implacável, vazio.
Paciência... Sei que sentes tanto quanto eu essa separação, é a prova de que nos amamos tanto ou mais do que nunca.
Espero que em breve, muito breve, possamos compensar esses dias vazios por outros cheios de amor.
Eu te amo."

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CoMsentir

Vivia em fase incerta. Não conseguia abdicar de certos sonhos seus. Bem bobos, bem francos. Não conseguia abandonar uma esperança num futuro lindo. Um futuro onde problemas aparentemente insolucionáveis fazem parte do passado. Do seu passado difícil, que sabe-se lá por que não resultou no presente obscuro, proibido, marginal...



Destino (?)


Tudo tinha tudo pra dar errado. Difícil mesmo acreditar em algo que surge cheio de vírgulas, "se's", parênteses, parentes. Difícil acreditar quando tudo vem com a máscara do conselho: DESISTIR. Se desistir funcionasse não começaria com "DES".


Chegamos assim ao âmago da nossa questão, ao ápice da nossa história profundamente simples:


O que nos humaniza? O que move o ser humano? O que faz o indivíduo decidir que vai lutar?


É o que ele sente na hora de escolher entre o LUTAR, o TENTAR, o DESISTIR. É o que ele sente e é só o que ele sente. É o que não se explica. Sentimento não se traduz. Não é exato, não é físico (no máximo, somatizamos) nem comparável.


É bonito e quando forte, faz "milagre". Milagre é tornar o impossível possível. Nossa guerreira acredita.


"Nossa história vai ser linda!"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Trecho do trecho do trecho

A noite foi difícil. O sonho, ininterrupto... Parecia uma grande ressaca, rebordosa... e dava um aperto tão grande no peito. Uma sensação de dor forte, penetrante, crispante. Incomodava mais ainda não saber sua origem. Era inexplicável e para ela aquilo não era seu, negava. Buscava lógica de novo, do jeito que doía só podia ser seu. Mas por quê acordava com aquela falta de ar? Olhava pro teto, olhos pretos vidrados. Levantava tonta, fraca. Sua tia já se acostumara e não tentava mais ajudar nesses momentos. Esperava se recuperar e enfim chegar na cozinha. O discurso era o mesmo: "Hoje foi daqueles, né?"
Nunca respondia. Sentava calada, bebia três goles de café e saía imediatamente. 

"Queria já poder pensar de outra forma e viver a tal vida que não vivo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Lenine é o que me interessa


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio
Acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussure em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa